Pela metade

Pela metade, sabe sempre a pouco. Fica sempre a sensação, a dúvida de como teria sido se fosse tudo.

Não gosto de nada pela metade. Nem sei fazer nada pela metade.
Sejam emoções, sejam acções. Sejam desejos, sejam beijos. Ou faço ou não faço. Ou vou ou não vou.

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f/2.8, ISO 80 || 05.07.2011 às 15:32

Ir á praia e não molhar os pés; fazer amor sem beijar apaixonadamente; abraçar sem ser abraçado; contemplar o por-do-sol, sem nunca ter sentido o esplendor de um nascer-do-sol; amar sem paixão.
Nada disto. Ou é ou não é. E a ser, tem de ser completo, intenso e com intensidade.

Pela metade, acaba por ficar um sabor a pouco. A praia, a paixão, o afecto e o calor do sol pela manhã. Que sentindo fazem, se forem pela metade ? Nunca saberá como teria sido pelo pleno, se for só pela metade.

Acontece que, surpresa das surpresas, a metade até sabe bem e é bom. Bom para quem nunca conheceu o todo e que fica satisfeito com a metade. Porque não haverá ninguém que conhecendo o todo, se satisfaça com a metade. Qualquer que ela seja. Sim, não nos esqueçamos que existem sempre duas metades. Teoricamente iguais.

Na realidade, temos as "metades maiores" e as "metades mais pequenas". As mais pequenas, não passam de metades sem sabor, sem interesse, sem calor. São as mais usuais. As outras, as maiores, são as que pela sua intensidade sabem melhor do que se esperava. A água que está a pedir um mergulho; aquele beijo que nos faz ir às nuvens e mais além; aquele abraço que nos aquece o coração; aquele por-do-sol, corolário de um fantástico dia, iniciado com um deslumbrante nascer-do-sol; aquele olhar apaixonado, de quem se sente renascer a cada dia.

Pela metade, não é viver é ir vivendo. Viver de verdade, é com tudo a que temos direito e vontade. Com intensidade, com paixão, com entrega.

É por isso que não sei fazer nada pela metade. Entrego-me com paixão a tudo em que verdadeiramente acredito. Não sei ser de outra maneira. Sou assim. Sempre fui e sempre serei.

(escrito no verão de 2013)